A
falta de interesse geral nessas comemorações nas diferentes comunidades,
chegando mesmo a um completo desinteresse, vem mostrar a desconexão existente
entre os que pensam o dia a dia e o futuro da Universidade com os anseios
gerais. Isto deve ser encarado como um alerta e, ao mesmo tempo, deve despertar
em todos uma profunda preocupação com o nosso futuro.
Devemos
nos perguntar o que nos levou a esta situação. Devemos creditar todas as
dificuldades a fatores externos e essencialmente econômicos? Talvez a falta de
um modelo que projete nossas ambições futuras, que interprete o papel que
almejamos para a nossa Universidade, seja o que nos falta. O que desejamos ser
daqui a 50 anos? Por um lado devemos ter claro o alcance de nossas ações, por
outro sabemos que temos o poder de propor paradigmas de grande alcance; não
esqueçamos, por exemplo, o efeito da implantação de nosso vestibular há alguns
anos e que repercutiu na própria organização curricular do Ensino Médio.
Um
exemplo recente desta incapacidade de tratarmos a UNICAMP foi o processo de
elaboração e o início de discussão dos novos Estatutos. É possível vislumbrar
algum norte na proposta submetida e longamente discutida? Todo o trabalho de
desenvolvimento da proposta foi dedicado a melhorar aspectos de redação e
organização do texto, e algumas poucas inclusões / exclusões de membros
votantes. E nem mesmo isso resultou em algo, pois o processo foi interrompido e
tudo retornou ao que era antes. Frustante!
Olhar
o futuro da UNICAMP é dedicar um olhar a seus aspectos internos – com
repercussão, entre outros em nossas questões acadêmicas, administrativas e
organizacionais – o que tem certamente grande impacto naquilo que nossa
Universidade almeja repercutir nos aspectos além de suas fronteiras, abarcando
ações acadêmicas amplas no ensino, pesquisa e extensão.
Considerando
inicialmente e de forma breve os aspectos internos – base para todas as ações –
é importante reconhecer que nossas estruturas administrativas não evoluíram de
forma apropriada. Iniciamos, administrativamente, como uma Universidade
pequena, com poucas Unidades acadêmicas, poucos Cursos, pequena área
geográfica, pequena população interna e chegamos ao que somos hoje, com enorme
expansão em todos estes aspectos e mantendo a mesma filosofia administrativa de
centralização extrema. Este é ponto importantíssimo e exigirá nossa reflexão.
Descentralizar poder, recursos financeiros, administração é imprescindível;
modernizar nossa infraestrutura de trabalho é o caminho. Voltaremos a este
ponto em futuro documento.
Tratando
agora nossa repercussão externa, temos há muito falta de projetos estruturantes
que incentivem nossa participação em ações de alcance municipal, estadual,
federal e internacional. O modelo instituído há mais de uma década e ainda
vigente baseado no denominado Planejamento Estratégico, embora possa talvez
sossegar muitos espíritos, tem resultado em poucas ações concretas. Temos a
capacidade e o dever de propor e gerir ações estruturantes no Ensino – médio,
superior, pós-graduado, na Pesquisa – nossa vocação natural e na Extensão;
congregando sempre que couber aspectos multidisciplinares. Cabe à administração
Central facilitar ações com este perfil e geridas por nossas Unidades.
Venham pensar conosco!
No comments:
Post a Comment