No post anterior apontamos a necessidade de repensar nossa organização ainda remanescente de uma orientação, válida à época de sua definição, centralizadora. Abordaremos neste contexto três questões intimamente ligadas no âmbito da UNICAMP: estrutura de poder, gerência de recursos financeiros e gerência/estrutura administrativa e que refletem e dão sustentação a essa orientação centralizadora.
Estrutura
de Poder: a pessoa do Reitor, conforme nossos estatutos vigentes,
dirige a Universidade em seus aspectos – fazendo-se um paralelo com
nossa organização de Estado – executivo, legislativo e
judiciário. Embora o Conselho Universitário e suas Câmaras sejam,
conforme os estatutos, os detentores do poder de decisão final, por
seu próprio caráter legislativo, via de regra, só agem à
posteriori e na imensa maioria dos casos
como órgãos homologadores de decisões financeiras do executivo. É
imprescindível enfraquecer o administrador Reitor, submetendo-o de
fato aos órgãos superiores nos aspectos cruciais de âmbito
financeiro. É vital o Conselho Universitário, suas Câmaras e
Comissões terem maior controle também de nossas reservas e
recursos extra orçamentários, proporcionando assim maior
transparência orçamentária.
Gerência dos Recursos Financeiros: no Brasil, municípios, estados e governo federal têm de realizar a execução orçamentária seguindo com exatidão o orçamento aprovado pelo Legislativo para o ano. O Reitor da UNICAMP não necessita fazê-lo. Realiza despesas não previstas e as apresenta em uma próxima revisão orçamentária (há 3 delas por ano). Assim realiza o gasto e então solicita sua homologação. Esta é uma das fontes da atual situação financeira de nossa Universidade. É vital estabelecer limites estatutários a essa prática. Voltaremos a este complexo e vital tema em um próximo Número.
Estrutura
administrativa: a centralização orçamentária, administrativa
e, por consequência, do poder em nossa Universidade além de vir,
crescentemente, prejudicando o desenvolvimento de muitas ações na
UNICAMP, retira o protagonismo – nas ações de Ensino, Pesquisa e
Extensão – das Unidades de Ensino e Pesquisa. É imprescindível
alterar o centro de poder na UNICAMP, deslocando-o e
descentralizando-o para as Unidades de Ensino e Pesquisa.
Com
o diagnóstico inicial, percebemos que o tratamento dos problemas
apontados não passa por ações cosméticas, exige sim a construção
de um novo modelo para a UNICAMP envolvendo em sua elaboração o
Conselho Universitário, a administração central, as
Unidades de Ensino e Pesquisa, Colégios, Centros e Núcleos de
Pesquisa, Hospitais e também as diversas unidades administrativas
subordinadas à Reitoria.
Propomos
como pontos iniciais do novo modelo:
-
alteração do papel da Reitoria, agora voltada a ações de regulação e mediação;
-
as Pró Reitorias, reduzidas a três, passam a ser órgãos essencialmente de fomento e regulação para o Ensino (em todos os níveis), Pesquisa e Extensão; a Vice Reitoria passa a ser responsável pela administração centralizada que permanecer;
-
descentralização orçamentária em sentido às Unidades com responsabilidade de Ensino, Pesquisa, Extensão, que passarão a administrar seus orçamentos para fins de contratação, promoção, custeio, etc. e atuando conforme suas prioridades, atendidas as regulações definidas;
-
com isto grande parte da estrutura administrativa atual desloca-se para as Unidades fim;
-
-
tratar as Unidades respeitando sua maturidade acadêmica, cabendo àquelas que já alcançaram a maturidade acadêmica total autonomia na gerência e decisões sobre o uso de seus recursos orçamentários e àquelas em maturação acadêmica e às Unidades jovens atuação de forma supervisionada buscando alcançar a maturidade;
-
os orçamentos das Unidades passam a ser definidos a partir de critérios de dois tipos: estritamente de mérito acadêmico, levando em conta índices externos tais como o conceito CAPES da pós-graduação, a avaliação anual da graduação, prêmios auferidos a membros da Unidade, etc. e a quantidade de alunos de graduação e pós-graduação atendidos;
-
descentralização das atuais unidades administrativas para atuar sob conjunto de Unidades (por exemplo, agrupadas nas sub áreas Tecnológicas, Biológicas, de Saúde, Exatas, de Humanidades e Artes), preservando-se centralizadas aquelas que prestam apoio de âmbito geral, como por exemplo o planejamento do Campus, as Redes de Dados, a Nuvem do Campus/Campi.
Venham
pensar conosco!
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